PF prende vice, sogro de prefeito e secretária por suspeita de compra de votos e ameaça a eleitores no Maranhão
Operação Cangaço Eleitoral é desdobramento do caso revelado pelo Fantástico em que eleitor admitiu ter vendido voto por 1.500 telhas, 20 sacos de cimento e...
Operação Cangaço Eleitoral é desdobramento do caso revelado pelo Fantástico em que eleitor admitiu ter vendido voto por 1.500 telhas, 20 sacos de cimento e madeira em Nova Olinda do Maranhão. Cidade teve a disputa eleitoral mais acirrada do país; eleito teve dois votos a mais do que segunda colocada. Vice-prefeito eleito e outras duas pessoas são presas suspeitas de comprar votos no MA A Polícia Federal (PF) prendeu nesta quinta-feira (12) três pessoas, entre eles o vice-prefeito eleito de Nova Olinda do Maranhão, Ronildo da Farmácia (MDB), por suspeita de compra de votos e ameaças contra moradores na cidade. Além do vice-prefeito, foram presos: o sogro do prefeito eleito de Nova Olinda do Maranhão e a secretária de finanças do município. A PF diz que há indício que parte dos recursos usados para a compra de votos eram dinheiro público. ✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Maranhão no WhatsApp A operação é um desdobramento do caso que foi destaque no Fantástico, em outubro, quando um eleitor afirmou que vendeu o voto em troca de telhas, sacos de cimento e madeira após sofrer ameaças. O prefeito Ary Menezes (PP) foi eleito em Nova Olinda do Maranhão por uma diferença de apenas dois votos da segunda candidata colocada, Thaymara Amorim (PL). O município de 14 mil habitantes que teve a disputa pela prefeitura mais acirrada em todo o país. A operação também cumpriu mandados de prisão e oito de busca e apreensão nas cidades de São Luís e Cantanhede, para desarticular o suposto esquema criminoso de corrupção e crimes eleitorais. Os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA). As investigações identificaram fortes indícios da prática de outros crimes, como intimidação de eleitores, além de extorsão qualificada, desvio de recursos públicos, constituição de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Procurados pelo g1, o prefeito Ary Menezes (PP) e o vice-prefeito Ronildo da Farmácia (MDB) ainda não haviam se posicionado sobre o caso até a última atualização desta reportagem. Ronildo da Farmácia, vice-prefeito eleito de Nova Olinda do Maranhão TSE/Divulgacand Aliciamento de eleitores De acordo com a PF, a suspeita é de que o grupo criminoso atuava através de aliciamento de eleitores e posterior compra de votos, seguido de atos de ameaça e intimidação com cobrança de valores e apoio político em favor de candidato a prefeito indicado pelo esquema. Investigações apontam diversos relatos de pessoas que teriam sido abordadas por integrantes do grupo para que aceitassem dinheiro ou materiais de construção em troca de apoio. Pessoas que firmaram o acordo, mas mudaram de opinião política ou declaram que não iriam mais votar no candidato a prefeito indicado pelo grupo, relataram terem sofrido ameaças e represálias, inclusive intimidações com armas de fogo. Outras pessoas ouvidas pela PF também disseram terem sido vítimas de intimidação e ameaças realizadas por indivíduos armados associados ao grupo investigado. Segundo elas, as vítimas foram coagidas a remover materiais de propaganda política de candidatos adversários e a interromper atividades relacionadas à campanha eleitoral. A polícia ainda investiga a possível utilização de recursos públicos federais para o esquema de compra de votos. Cidades registram compra de votos nas eleições para prefeito; ato é crime, com pena de até 4 anos de prisão 1.500 telhas, 20 sacos de cimento e madeira por voto O caso revelado pelo Fantástico foi do lavrador Danilo Santos. Ele admitiu que foi procurado antes da votação deste ano e aceitou vender o seu voto. “Falei que era 1.500 telhas, 20 sacos de cimento e a madeira da minha casa. Eles falaram para mim que se fosse só isso, já estava tudo comprado. Que no outro dia era para eu ir buscar lá no galpão”, contou. Danilo disse que não recebeu tudo o que foi prometido. E, por isso, mudou de ideia. E dois dias depois da eleição, um caminhão da prefeitura retirou as telhas da casa dele. "Como não me deram o material todo, ficaram me ameaçando." O lavrador Danilo Santos admitiu que vendeu o voto em troca de telhas, cimento e madeira TV Globo/Reprodução Segundo Danilo, dois dias depois das eleições, o caminhão da prefeitura foi retirar o material do endereço dele. Outra eleitora, a pescadora Luciane Souza Costa, também foi ameaçada. Ela decidiu não votar em Ary e nem na vereadora indicada por ele depois que o marido dela recebeu dinheiro pela compra do voto. Imagens gravadas por Luciane mostram um homem, que tem o número do candidato a prefeito na camisa, a ameaçando. “Como eu não peguei o dinheiro, foi o meu marido que pegou, e eu postei nos meus ‘Status’ dando apoio para a minha vereadora, me ameaçaram de morte, eu, meu marido e minhas filhas. Que se a gente não votasse neles, eles iam matara a gente.” Na época o prefeito eleito Ary Menezes disse por nota que “a compra e venda de votos compromete a democracia do pleito e deve ser apurada pela Justiça Eleitoral", e se colocou à disposição para esclarecimentos. Ronildo da Farmácia, o vice-prefeito eleito, negou as acusações. “Eu dou a garantia que da minha parte e da parte do Ary, 100% de certeza que não oferecemos dinheiro em troca de votos para ninguém. Fizemos uma campanha limpa, está entendendo?”. Três cidades do MA são alvo de ação da PF que desarticula esquema de crimes eleitorais para eleger prefeito Reprodução